Já os municípios de São Carlos (SP), São Caetano do Sul (SP), Franca (SP), Juiz de Fora (MG), Poços de Caldas (MG), Bento Gonçalves (RS), Divinópolis (MG), Bauru (SP) e Jaraguá do Sul (SC) registram os menores Índices de Vulnerabilidade Juvenil (IVJ). São Paulo (SP) é a capital com melhor posição no ranking, em 192ª lugar. O Rio de Janeiro (RJ) figura na 64ª posição; Belo Horizonte (MG) na 105ª; Brasília (DF) em 172ª e Porto Alegre (RS), 161ª.
PERFIL
O índice mostra ainda que jovens com idade entre 19 e 24 anos têm mais chances de morrer por causa da violência no Brasil. Em seguida, pessoas na faixa etária entre 25 e 29 anos e, depois, entre 12 e 18 anos, estão mais suscetíveis a serem vítimas da criminalidade.
De acordo com a pesquisa, há uma relação direta do índice com o perfil social do jovem, porque pessoas que não tinham atividade remunerada ou não estudavam, na faixa entre 19 e 24 anos, foram o grupo no qual o IVJ é mais elevado. Jovens que vivem em condições precárias de moradia, como favelas, também são mais expostos à violência.
Os municípios com menos verbas destinadas à segurança pública também são os considerados os mais violentos para os jovens. Nas cidades onde o índice é considerado muito alto, o valor investido na área é de R$ 3,7 mil por habitante, na média, enquanto em locais onde o IVJ é menor o investimento chega a R$ 14,4 mil.
COTIDIANO
Levantamento realizado pelo Instituto Datafolha, citado no estudo, constatou que quase um terço da população jovem sofre presença constante da violência em seu cotidiano. Dos jovens entrevistados, 31% admitem ter facilidade para a obtenção de armas de fogo. Além disso, 64% dos entrevistados são expostos a algum risco ou história de violência e costumam ver pessoas (não policiais) portando armas.
A pesquisa foi realizada com 5.182 jovens de 12 a 29 anos, de ambos os sexos, de 31 municípios selecionados em 13 Estados. Metade da população jovem entrevistada declara presenciar violência policial, sendo que, para 11% dos entrevistados, essa violência é "comum." Dos entrevistados, 88% afirma já ter visto corpos de pessoas assassinadas em algum lugar. Cerca de 8% afirmam, ainda, que pessoas próximas a eles foram vítimas de homicídios.
REPERCUSSÃO
Renato Sérgio de Lima, secretário-geral do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, explicou que o índice de vulnerabilidade abrange vários dados socioeconômicos como número de homicídios, escolaridade, acesso ao mercado de trabalho, renda e moradia. "Violência não é só crime, mas também uma série de outros fenômenos, como falta de escola, pobreza, desigualdade, acidente de trânsito. Isso compõe o cenário em que esses jovens vivem", afirmou.
Para o ministro da Justiça Tarso Genro, que participou da apresentação do estudo, a pesquisa derruba determinados mitos, como o de que o Rio de Janeiro tem a situação mais vulnerável. "O Rio tem problemas graves, mas a pior situação está no Nordeste, que tem indicadores sociais baixos, poucos recursos para aplicação em sistemas de segurança pública e poucas políticas preventivas, que agora estão começando com a adesão de dezenas de municípios ao Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania)", afirmou.
Genro e Lima consideraram que, embora graves, os dados mostram que a situação não é de caos absoluto. "Podemos vencer a violência e a criminalidade concentrando-nos na juventude e com foco territorial e em determinados setores sociais mais vulneráveis", afirmou Genro. "O estudo revela que temos 43 municípios com alta e muito alta vulnerabilidade, mas, por outro, lado revela que é um problema pode ser enfrentado. Não significa o caos na segurança pública", disse Lima.
A pesquisa foi feita em parceria com o Instituto Sou da Paz, do Instituto Latino Americano das Nações Unidas para Prevenção ao Delito e Tratamento do Delinquente (Ilanud) e a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O Fórum Brasileiro de Segurança Pública é uma organização não governamental apartidária de suporte à gestão da segurança pública no País.
(Com Ana Conceição, da Agência Estado)
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